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As Diferenças nos Primeiros 200 Fordinhos “A”


Fonte: Tradução ---Waldir Kunze.



Vez por outra alguém diz já ter visto algum Fordinho “ diferente”. E não é sem razão. Os primeiros 200 Fordinhos, de acordo com informações dos arquivos Ford, foram produzidos para serem expostos em publicidade, testes e demonstrações junto a alguns revendedores da época que não poderiam ser revendidos e sim devolvidos á fábrica após algum tempo para serem atualizados com peças redesenhadas ou serem sucateados. A produção dos primeiros 200 carros começou em 01/11/1927 na fábrica matriz – Dearborn-Detroit. A bem da verdade, Dearborn é um bairro de Detroit, seria como hoje as “Grande Curitiba, Grande Porto Alegre, etc...

A matriz era chamada de “Rouge Plant” pois ficava junto ao Rio Rouge que servia de entrada e saída de produtos (minerais e matérias-primas diversas que vinham em navios próprios em grandes quantidades. Em 02/12/1927 começou “oficialmente” a produção dos carros em série, porém, até essa data ainda não haviam produzidos carros um para cada revendedor na época que era em torno de 8.000 e nem existem dados oficiais de quantos carros teriam voltado para a fábrica daqueles 200 iniciais.

Devido às mudanças na ferramentaria do Modelo “T” para o “A”, a produção inicial foi muito lenta e os primeiros 200 carros tiveram um chassis único e próprio cujas as diferenças mais “aparentes” foram:

1 – a travessa / canoa traseira tinha apenas 35 “contra as 40 polegadas dos carros posteriores;

2 – a canoa / travessa dianteira e a travessa central do chassis foram mantidas porém com pequenas modificações;

3 – originalmente o carro fora projetado para não ter amortecedores, porém, quando Henry Ford dirigiu / experimentou o primeiro protótipo comentou: “É muito duro. Coloquem amortecedores”. Assim, refazer o projeto e ferramentaria acabou prejudicando a produção efetiva do carro uma vez qu os amortecedores já estavam disponíveis e pudessem ser parafusados  no chassis não havia como prendê-los (parafusá-los) nos eixos visto que os suportes das molas não tinham a “bola” sobre a qual deveria ser pressa a conexão amortecedor-suporte. As primeiras conexões de amortecedores tinham na extremidade inferior um parafuso prisioneiro que era ligado a uma abraçadeira / cinta fixa no eixo dianteiro e no eixo traseiro a cinta era presa nos tubos dos eixos (cornetas).

4 – os parachoques nos primeiros 200 carros não tinham as extremidades ligadas, ou seja, eram abertas. Em testes feitos ficou provado que em qualquer pequeno choque as duas  lâminas separavam-se, literalmente voando. A solução foi “prender” as duas lâminas pelas extremidades além de modificação nas presilhas. Parece que esses 200 parachoques eram um “carry over” do “T”, no entanto os do “T” eram mais curtos;

5 – Os suportes do motor foram redesenhados um pouco;

6 – nos suportes das molas sobre os eixos foram acrescentados as “bolas” para prender as conexões dos amortecedores;

7 – havia outras diferenças porém , com menores mudanças. Assim sendo, se alguém insistir dizendo que algum desses 200 carros foi vendido ao publico ou de qualquer modo “sobreviveu” então esse(s) carro(s) devem forçosamente ter as características descritas acima. Realmente, como toda regra tem exceção, este caso dos primeiros 200 carros não autorizados a serem vendidos ao publico também tem sua exceção.

Acontece que foi “descoberto”recentemente a existência de uma barata Modelo “A” 1928 com o motor / chassis nº 189 comprovadamente original, na Dinamarca e comprado por um colecionador Americano. O que aconteceu não foi a transgressão da ordem imposta pela fábrica na época. Aconteceu que a produção de motores estava adiantada em relação aos chassis.

A maioria dos 200 primeiros carros deveriam ter números de motores baixos (abaixo de 200), todavia como os motores não eram instalados nos carros em rigorosa ordem seqüencial, alguns desses 200 primeiros carros poderiam ter números acima de 200 e igualmente, em conseqüência, alguns carros poderiam ter motores com números abaixo de 200, produzidos após os 200 primeiros. Assim, as eventuais “discrepâncias” na numeração dos motores instalados nos primeiros 200 carros não foi intencional e sim em virtude do método de montagem.

Deste modo, se aparecer algum Modelo “A” com parachoques de “pontas abertas” e não ter as características anteriormente descritas então deve tratar-se de um pára-choque que foi do Modelo “T”. Alem disso o pára-choque opcional do “T” era mais curto do que o do “A” nos primeiros 200 carros “A”. Os veículos com números baixos ( 3 dígitos ou menos) são muito procurados e valorizados e os de 2 tem seu peso em ouro nos EE.UU. Como se sabe, o carro “A” nº 1 está no Museu Henry Ford.

Ainda há possibilidade de se encontrar algum carro com número baixo, portanto, toda vez que se deparar com algum carro “A”, é “prudente” verificar o número do motor que se encontra gravado logo acima do bocal que leva água do radiador para dentro do motor / bloco, no lado esquerdo do mesmo. Recentemente foi descoberto nos EE.UU. o  carro nº 20.000,00 que foi amplamente fotografado / filmado ao sair da linha de montagem, dirigido pelo próprio Henry Ford tendo ao seu lado Edsel Ford, seu único filho além de dois excecutivos da fábrica no banco traseiro. O carro está sendo restaurado e conforme contrato, deverá ficar por 10 anos no Museu Henry Ford.



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